Pastelinhos de Belém

Os avós de um amigo meu, viveram muitos anos em África.
Havia lá um preto, pasteleiro, que fazia uns bolos que toda a gente adorava. Tinha um sabor diferente de todos os outros bolos, levando toda a gente a preferí-los. Muitos foram os que o tentaram fazer revelar o segredo que fazia com que os seus bolos fossem melhores que os outros, mas nunca conseguiam.
Até que, um certo dia, houve alguém que conseguiu entrar à socapa enquando o pasteleiro fazia os bolos, descobrindo o famoso segredo. Com o calor dos fornos, o
pasteleiro suava que nem um cavalo e enquanto amassava a massa do bolo, passava-a pelo seu corpo transpirado. Escusado será dizer, que a partir desse dia quem soube do segredo deixou de lhe comprar bolos...
Então estive aqui a pensar, na altura em que apareceram os pastéis de Belém, haviam bastantes fazendeiros portugueses a explorar escravos em África. Quem sabe se não trouxeram para cá um preto nessa altura, e esfregavam a nata dos pastéis nele para obter aquele sabor que faz com que os pastéis de Belém sejam diferentes de todos os outros pastéis de nata.
Por esta altura já o gajo deve estar morto, mas continuam a esfregar a nata no cadável já em decomposição para obter aquele travo característico.